quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Penúltima catequese de Bento XVI

http://www.webtvcn.com/video/fieisnacatequese

Queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade, diz presidente da CNBB sobre CF



“Nós queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, demonstrando a confiança que a Igreja deposita em cada um deles”: esta é a finalidade da Campanha da Fraternidade (CF) deste ano segundo o Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Card. Raymundo Damasceno Assis.
A CF deste ano tem como tema “Fraternidade e Juventude” e o lema “Envia-me”. Eis o que disse o Card. Raymundo entrevistado pela Rádio Vaticano:
Primeiramente, nós estamos celebrando os 50 anos da Campanha da Fraternidade. Ela começou em Natal em 1962. A CF deste ano se insere dentro da preparação da visita do Papa para a próxima Jornada Mundial da Juventude. Sabemos que o Papa Bento XVI havia prometido estar no Rio de Janeiro para presidir a JMJ, mas com a sua renúncia nós esperamos e cremos que seu sucessor estará presente no Rio no mês de julho próximo.
A CF com este tema, Fraternidade e Juventude, tem seus antecedentes. Em 2011, a Assembleia dos Bispos do Brasil criou a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude – uma Comissão que tem como objetivo acompanhar as pastorais da juventude aqui no Brasil: as pastorais da juventude, os movimentos apostólicos, novas comunidades e acompanhar também aquelas congregações que têm como carisma a dedicação, a formação dos nossos jovens, para que o trabalho da juventude aqui em nosso país seja feito na unidade dentro da diversidade dos carismas e de cada um dos movimentos e das novas comunidades. Visando criar em cada uma das dioceses o chamado “setor da juventude” – um setor que compreende todos aqueles que trabalham com a juventude.
A CF visa também preparar de uma forma “mais próxima” a JMJ e nós queremos com esta CF, e queremos fazê-la com os jovens e para os jovens, procurar despertar na nossa sociedade, nas nossas comunidades essa importância dos jovens. Nós devemos, como diz o Papa na sua mensagem para CF, ajudar os jovens a tornarem-se protagonistas de uma sociedade mais justa, mais fraterna, inspirada no Evangelho. E o Papa afirma que se os jovens forem o presente, eles serão também o futuro. Nós queremos os jovens protagonistas integrados na comunidade que os acolhe, demonstrando a confiança que a Igreja deposita em cada um deles.
Por CNBB

“Aproveitemos a quaresma e a CF para nos converter e nos tornar missionários” diz bispo de Santa Cruz do Sul


Dom Canísio Klaus, bispo da diocese de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, em seu último artigo, intitulado "Um tempo para a juventude", falou sobre a Campanha da Fraternidade deste ano. O prelado lembrou que hoje, 13 de fevereiro, depois das comemorações de carnaval, a Igreja dará início ao tempo de preparação para a Páscoa, conhecido como tempo da quaresma. Ele enfatizou que serão 40 dias em que o apelo à conversão será repetido em todas as celebrações, motivando-nos à oração, ao jejum e à prática da caridade.canisio_klaus.jpg
De acordo com o bispo, no Brasil, desde 1964, o tempo da quaresma é enriquecido com a Campanha da Fraternidade, que tem como ideia principal facilitar a conversão através da análise de um tema candente da realidade social. "Assim, na Campanha da Fraternidade de 2012, o tema aprofundado foi saúde pública. Em anos anteriores, havíamos aprofundado temas como a vida no planeta, economia, segurança pública, defesa da vida, pessoas com deficiência, paz, água, pessoas idosas e família. Para 2013, o tema proposto é fraternidade e juventude", destacou.
De todos os grupos etários, explicou o prelado, os jovens são os que mais sofrem os impactos das inúmeras mudanças que estão acontecendo nas últimas décadas, pois eles nasceram e estão crescendo no contexto de mudança de época, "em que se faz a transição de uma cultura estável para outra, nova e ainda não estabilizada". "Onde outrora existiam valores e critérios que definiam dada realidade ou o modo de proceder, agora há uma diversidade de propostas aceitas como válidas, num contexto de abertura a experimentações" (Texto Base da CF, n° 7).
Dom Canísio também cita mais um trecho do Texto Base da CF para reforçar que as mais radicais mudanças que mexem com a cabeça dos jovens se deram na área da comunicação em rede, porque hoje o jovem "respira e vive na chamada ambivalência midiática, uma teia de novas tecnologias em que se pode ser, rapidamente, ouvido, visto e considerado apenas virtuais". "Há que se considerar a necessidade de proporcionar a esta geração hiperconectada a possibilidade de conexões pessoais duradouras e resistentes às crises" (n° 38).
"A Igreja afirma a sua fé na juventude, uma vez que há muitos jovens que estão sinceramente ocupados em trabalhar pela transformação da sociedade, sendo protagonistas da civilização do amor e do bem comum. Por isso, aproveitemos a Quaresma e a Campanha da Fraternidade para nos converter e nos tornar missionários a serviço da juventude", conclui ele. (FB/JS)


Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/44080--ldquo-Aproveitemos-a-quaresma-e-a-CF-para-nos-converter-e-nos-tornar-missionarios-rdquo--diz-bispo-de-Santa-Cruz-do-Sul#ixzz2KoPZjh4K
Autoriza-se a sua publicação desde que se cite a fonte. 

Normas básicas para o Jejum da quaresma



Jejum: fazer apenas uma refeição completa durante o dia e, caso haja necessidade, tomar duas outras pequenas refeições que não sejam iguais em quantidade à habitual ou completa. Não fazer as refeições habituais ( e não haver requintes na que for feita), nem outros petiscos durante o dia (nem mesmo cafezinho, doces, chimarrão etc). 

Estão obrigados ao jejum os que tiverem completado dezoito anos até os cinqüenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Grávidas e doentes estão dispensados do jejum, bem como aqueles que desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum. Água e remédios são permitidos em qualquer tipo comum de jejum. 

Nota: para não se fugir à orientação da igreja este jejum pode ser tornado mais rigoroso, mas não atenuado. Pode-se, caso servir para vivê-lo melhor,  fazer outros tipos de jejum conhecidos, tais quais 
- pão e água:  também conhecido como jejum bíblico, fazê-lo à base de pão e água durante o dia.
- à  base de líquidos:  tais quais chás, vitaminas, laticínios, menos caldos.
- abster-se de refeições: escolhe-se uma das refeições para não ser feita, e come moderamente nas duas outras, não se abstendo de água.
-  jejum completo: neste só é permitido água durante o dia. 
E para ser o jejum que é prescrito, necessariamente referir-se-á à alimentação. As demais mortificações, ou penitências, podem ser bem vindas, mas normalmente não são jejum.

Abstinência: deixar de comer carnes de animais de sangue quente - bovina (gado), ovina (carneiro), aviária (frango, galeto, galinha...), bubalina etc - , bem como seus caldo de carne. 
Permite-se o uso de ovos, laticínios e gordura. Nos dias prescritos, o jejum feito, ou que se esteja fazendo, não desobriga a abstinência durante todo o dia .

Estão obrigados à abstinência os que tiverem completado quatorze anos, e tal obrigação se prolonga por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.

Abstinência parcial: carne permitida só na refeição principal/completa


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Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor: são os dois dias do ano que a igreja define jejum e abstinência obrigatórios.
Demais dias da Quaresma, exceto os Domingos: jejum e abstinência parcial  recomendados.
Sextas-feiras da Quaresma (que estão entre os dias assinalados pelo calendário antigo como Sextas-feiras das Têmporas): jejum e abstinência recomendados.
Demais sextas-feiras do ano, exceto se forem Solenidades: abstinência obrigatória, mas não é obrigatório o jejum.

Em alguns lugares, conforme liberação da conferência episcopal, essa abstinência pode ser trocada, a juízo do próprio fiel, por outra penitência. Lugares tais quais, no próprio Brasil, em que a CNBB permitiu outros tipos de penitências, como orações piedosas, prática de caridade, exercícios de devoção etc.


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a partir de texto base de Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo emérito do Rio de Janeiro

Mais uma vez, Quaresma!



Mais uma vez, oportunidade privilegiada de acolher graças especiais reservadas unicamente a este tempo!
Mais uma vez... a ameaça de chegar ao final dos 40 dias sem ter cumprido os propósitos feitos na 4ª feira de Cinzas: Reconciliação, oração, jejum, penitência, esmola, conversão!
Por que será que todos os anos, de uma forma ou de outra, acabamos por não viver a Quaresma como gostaríamos? Tenho um palpite: porque não nos dispomos de verdade a vivê-la como Deus gostaria. Porque confiamos mais em nós do que nele.
Veja bem: quando iniciamos a Quaresma enchendo-nos de nossos bons e louváveis propósitos, acabamos por desanimar, desistir, talvez até, no 40º dia, nem nos lembrar direito do que nos dispusemos a fazer. Porque aqui - nessa situação infelizmente tão corriqueira em nossa vida espiritual – aqui, a força é nossa, o propósito é nosso, os planos são ... nossos! Resultado: desastre total. Continuamos os mesmos! Nada de ressurreição!
Que tal fazer diferente, este ano? Que tal examinar os últimos meses – ou anos! – de nossa vida e perceber em Deus o que Ele está tentando mudar em nós? Isso dá para saber não somente através do nosso caderno de oração (uma imensa ajuda!), mas especialmente pelo que Deus tentou fazer em nossa vida. Veja bem: vida exterior, mas também interior!
Podemos perguntar a Jesus, sabendo que Ele sempre nos responde: “Senhor, me faz perceber onde Tua graça está agindo – ou tentando agir – nos últimos tempos. Tens tentado me tirar do orgulho? Da vaidade? Do fechamento em mim mesmo? Do ressentimento com alguém? Da pouca oração? Da confiança demasiada em mim mesmo? Dos excessos? Da ridícula mania de achar que posso salvar a mim mesmo?”
A ação do Senhor, não nos esqueçamos, chama-se graça. É ela que muda nossa vida. É a ação do poder de amor do nosso Deus. É com ela que Ele bate à porta e pede, humilde: “Deixa-me entrar. Quero cear contigo!” Cabe a nós, como sabemos, o gesto simples, quase sem esforço, de girar a chave, baixar o trinco e abrir a porta.
Em nosso orgulho, porém, rejeitamos gestos simples. Achamos que abrir a porta para o Senhor que bate supõe que lhe tenhamos preparado aquela super ceia com os mais finos e caros manjares a exibir nossa grandeza. Pobres de nós! Nunca lhe abriremos a porta se estivermos à espera dos tais finos manjares. Só Ele no-los pode dar! Nunca encontraremos o Senhor se quisermos, primeiramente, “estar em condições”. É Ele e somente Ele quem, com sua graça, no-las dá!
Nossa auto-suficiência, aliada à soberba, pode até insinuar veladamente que essa história de graça, de porta, de batida, de ceia não passa de simbologia para nossa busca de conversão, de mudança, de “procurar ser melhor” e por aí vai. Que mania a gente tem de complicar as coisas, meu Deus!
Veja bem: nem você nem ninguém tem a mais ínfima capacidade de mudar sem a graça de Deus. Compreenda que é a graça de Deus que o transforma, não você mesmo! Tudo, mas tudo mesmo, que você algum dia realizou, mudou, cresceu, conseguiu de bom vem não de você, mas da graça!
Ihhhhhh! O que tem de gente que fica indignado ao ouvir isso! Claro, claro, sei que a graça supõe a natureza, que Deus não impõe sua vontade porque respeita sua liberdade, que Ele espera sua colaboração com a graça. Entretanto, me diga se não é verdade que ao ler que tudo, mas tudo mesmo, vem da graça de Deus, pode ter surgido lá no fundo do seu ser uma inquietaçãozinha? Um mal estar meio disfarçado, candidato a ser varrido para baixo do tapete do “não pensar”?
Mais uma vez, na Quaresma, o Senhor bate à sua porta. Esta porta cheia dos pregos pontiagudos e enferrujados do orgulho que rejeitam a submissão à graça. Porta lacrada pela auto-suficiência em todas as suas mínimas brechas. Travada com as barras de ferro da mentalidade da auto-salvação, aquela que tolamente acha que a gente se salva se fizer um monte de coisas boas a partir de nós mesmos.
Acontece que Jesus está acostumado a pregos, negações, barreiras e, insistente, compelido pelo amor, continua a bater. Uma criança, ao ouvir as batidas, irá correr até a porta, pôr-se na ponta dos pezinhos e puxar o trinco, sorrindo, acolhedora. Livre. Sem complicações. Movida pela graça, aberta à graça, sedenta da graça.
Para que essa Quaresma não seja mais um fiasco dos seus bons propósitos, comece desistindo de sua “força de vontade” e abrindo-se à graça. Comece, de preferência antes da Quaresma, seguindo o conselho de Santo Agostinho: "A confissão das más ações é o passo inicial." Depois do sacramento da Reconciliação, como resultado daquela revisão das graças de Deus não correspondidas do 6º parágrafo, tendo reconquistado, por pura graça, o mesmo estado em que você saiu no seu Batismo, corra para a porta e abra, livre, a sorrir, confiante, como uma criança.
Prepare-se para uma avalanche de graça. Em sua pródiga sabedoria, Deus reserva graças especiais para cada tempo litúrgico. Prepare-se, portanto, para uma grande avalanche. Como diz Santa Tereza, Deus se ofende quando lhe pedimos pouco. Ofende-se, portanto, quando esperamos pouco Dele. Ofende-se mais ainda quando não recebemos, não acolhemos, a fartura de graça que nos traz ao bater na porta.
Mais uma vez, Quaresma! Mais uma vez, o Senhor bate à porta! Abra, na ponta de seus pezinhos de criança e prepare-se para colher o fruto incomparável da Ressurreição.
Oração

“Jesus, dá-me a graça de viver esta Quaresma como Tu queres. Mostra-me o que Tu queres mudar em mim. Eis aqui minha primeira colaboração com Tua graça. Quero o que Tu queres. Abro a porta. Entra. Não tenho lá uma ceia muito fina, mas não quero fingir ser o que não sou. Sei que és Tu quem prepara a ceia, não eu. Dá-me a graça de comer e beber dos tesouros da Salvação conquistada por Ti na Paixão e Cruz. Eu a acolho. Acolho também a incomparável graça da Ressurreição que se segue à cruz. Tira o comando de minhas mãos. Guia-me com Tua graça. Amém”


Por:
Formação Shalom

Conclave: entenda o processo de eleição do sucessor de Pedro



No início do conclave, os cardeais tomam Deus e os Evangelhos como suas testemunhas num juramento de "segredo absoluto" sobre todos os procedimentos que ali irão ter lugar.


A eleição de um Papa obedece a rituais muito precisos, marcados por um clima de silêncio e segredo, previsto ao pormenor na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, assinada pelo Papa João Paulo II em 1996.

O próximo inicia-se após o dia 28 de fevereiro, quando tem efeito a renúncia ao pontificado anunciada segunda-feira por Bento XVI, em data a determinar pelas congregações de cardeais que se vão reunir em seguida.

No início do conclave, os cardeais vão tomar Deus e os Evangelhos como suas testemunhas num juramento de "segredo absoluto" sobre todos os procedimentos que ali irão ter lugar.

50 cardeais eleitores (59 a partir do dia 5 de março) foram criados pelo Papa João Paulo II e participaram na eleição de Bento XVI, Papa que criou os outros 67 cardeais com menos de 80 anos.

Os eleitores

Entram em conclave para eleger o Papa apenas os cardeais que não tenham já cumprido 80 anos de idade. O número máximo de cardeais eleitores é de 120, fixado por Paulo VI e confirmado por João Paulo II e Bento XVI.

Atualmente há 118 cardeais eleitores, mas o cardeal ucraniano Lubomyr Husar vai celebrar o seu 80º aniversário a 26 de fevereiro.

A legislação da Igreja prevê que o conclave só se possa iniciar pelo menos 15 dias depois da morte do Papa, mas o caso atual é praticamente inédito: desde 1415 que não se verificava uma renúncia ao pontificado.

No conclave estarão representados os cinco continentes: Europa (61), América Latina (19), América do Norte (14), África (11), Ásia (11) e Oceania (1).

Os países mais representados são a Itália (28 cardeais eleitores), Estados Unidos (11), Alemanha (6), Brasil, Espanha e Índia (5 cada), com mais de metade do total de eleitores.

Se um cardeal tiver recusado entrar no conclave, não poderá ser posteriormente admitido no decorrer nos trabalhos, mas o mesmo não acontece se um cardeal adoecer durante o processo da eleição do novo Papa.

Pessoas no conclave

Além dos cardeais eleitores, está prevista no conclave a presença de outros elementos, "para acudirem às exigências pessoais e de serviço, conexas com a realização da eleição": o secretário do colégio cardinalício (dom Lorenzo Baldisseri), que desempenha as funções de secretário da assembleia eleitoral; o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias (monsenhor Guido Marini), com dois cerimoniários e dois religiosos adscritos à sacristia pontifícia; um eclesiástico escolhido pelo cardeal decano, para lhe servir de assistente; alguns religiosos de diversas línguas para as confissões, bem como dois médicos e enfermeiros para eventuais emergências; as pessoas adscritas aos serviços técnicos, de alimentação e de limpeza; os condutores que transportam os eleitores entre aDomus Sancta Marthae (Casa de Santa Marta) e o Palácio Apostólico; os sacerdotes admitidos como assistentes de alguns cardeais eleitores.

Todas elas são "devidamente advertidas sobre o significado e a extensão do juramento a prestar, antes do início das operações para a eleição", pelo que prestam e subscrevem o juramento de segredo sobre tudo o que rodear o processo de eleição do novo Papa.

Lugares do conclave

João Paulo II decidiu que os cardeais ficassem alojados na denominada Casa de Santa Marta, situada no Vaticano, junto à basílica de São Pedro. Em 2005, pela primeira vez na história, os lugares do conclave estenderam-se a todo o espaço do Vaticano.

Os cardeais eleitores continuam a estar submetidos à interdição de qualquer contacto com o exterior, mas não ficam encerrados num único local. Com as novas normas, os cardeais ocupam vários sítios consoante as suas atividades: o alojamento é na Casa de Santa Marta, as celebrações litúrgicas na Capela de Santa Marta - eventualmente noutras capelas -, e a eleição na Capela Sistina.

Os lugares do conclave serão fechados por dentro (responsabilidade do cardeal camerlengo Tarcisio Bertone) e por fora (responsabilidade do substituto da secretaria de Estado, o arcebispo Giovanni Angelo Becciu).

Desde as primeiras assembleias cristãs romanas aos cardeais, em 1179, a eleição de um novo Papa aconteceu quase sempre em Roma e, desde 1492, na Capela Sistina. Nem todos os conclaves, contudo, tiveram lugar no Vaticano: cinco aconteceram no Quirinal, atual palácio da presidência da República Italiana; 16 decorreram noutras cidades italianas e sete em França, no período de Avinhão.

Início do conclave

Está previsto que todos os cardeais eleitores se encontrem na basílica de São Pedro para celebrar a missa votiva pro eligendo Romano Pontifice (para a eleição do Papa), sob a presidência do decano do colégio cardinalício, dom Angelo Sodano. A celebração é aberta a todos os que queiram participar.

Mais tarde, os cardeais eleitores reúnem-se na Capela Paulina do Palácio Apostólico, de onde se dirigem para a Capela Sistina, em procissão solene, entoando o canto Veni Creator, para pedir a assistência do Espírito Santo.

A Capela Sistina terá sido anteriormente objeto de apurados controlos para apurar da eventual presença de meios audiovisuais destinados a espiar do exterior o que acontecer no processo de eleição.

Os cardeais eleitores prestam, em primeiro lugar, o juramento de segredo sobre tudo o que diz respeito à eleição do Papa e comprometem-se a desempenhar fielmente o munus Petrinum de pastor da Igreja universal em caso de eleição.

Terminado o juramento, todas as pessoas estranhas à eleição saem após a ordemExtra Omnes (todos fora). Permanecem apenas o mestre das celebrações litúrgicas e o eclesiástico escolhido para a segunda meditação. Estes momentos de reflexão estão previstos na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis(UDG, n. 13) e são outra das novidades da Sé vacante, introduzidas por João Paulo II: a última meditação diz respeito à escolha "iluminada" do novo pontífice.

Após a meditação saem da capela o mestre das celebrações litúrgicas e o orador. Os cardeais eleitores encontram-se a sós, na Capela Sistina, com os seus pares. Todos os meios de comunicação com o exterior são proibidos.

Nesta altura, o cardeal que preside à eleição verifica se não há obstáculos e procede-se à primeira votação.

Os conclaves do século XX tiveram uma duração sempre inferior a cinco dias e 14 votações.

Votação

Pela segunda vez na história da Igreja está prevista apenas uma modalidade de votação, per scrutinio, abolindo modos de eleição anteriormente existentes (por inspiração e por compromisso).

Para a eleição é requerida uma maioria de dois terços (neste caso, 78 votos). No primeiro dia haverá apenas uma votação e, se o Papa não for eleito, terão lugar nos dias subsequentes duas eleições de manhã e outra duas de tarde.

Se após três dias não houver consenso, há um dia de interrupção para oração, colóquio entre os eleitores e reflexão espiritual. Prossegue-se, depois, para outros sete escrutínios antes de outra pausa e assim sucessivamente.

Se as votações não tiverem êxito, após um período máximo de 9 dias de escrutínios e "pausas de oração e livre colóquio", os cardeais eleitores serão convidados pelo camerlengo a darem a sua opinião sobre o modo de proceder.

O documento de João Paulo II abria a hipótese de a eleição ser feita "com a maioria absoluta dos sufrágios", situação que foi revogada por Bento XVI em 2007, mantendo-se a opção de se votarem "somente os dois nomes que, no escrutínio imediatamente anterior, obtiveram a maior parte dos votos".

Voto

A votação acontece com o preenchimento de um boletim retangular, que apenas traz impressa a menção Eligo in Summum Pontificem (elejo como Sumo Pontífice) na parte superior. Na metade inferior está o espaço para escrever o nome do eleito, pedindo-se que os cardeais disfarcem a sua caligrafia.

O boletim é dobrado em dois e é levado de forma visível ao altar, onde está colocada uma urna, onde os cardeais, por ordem de criação, pronunciam o juramento: "Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito".

O juramento é feito apenas no primeiro escrutínio. O cardeal deposita o seu voto na urna, tapada pelo prato no qual o boletim tinha sido colocado.

Recolher e queimar

Os três escrutinadores sorteados no início do processo abrem cada um dos boletins, lendo o seu conteúdo em voz alta. Os votos são perfurados onde está escrita a palavra eligo e presos num fio.

No final da recontagem são ligados com um nó, colocados num recipiente e posteriormente queimadas. Se houver lugar a uma segunda votação, contudo, os votos dos dois escrutínios e "os escritos de qualquer espécie relacionados com o resultado de cada escrutínio" são queimados em conjunto.

Fumaça

Se a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina for negra, significa que não houve acordo entre os cardeais; se for branca, que foi escolhido o novo Papa. Em 2005, a a eleição do novo Papa, Bento XVI, foi anunciada através da tradicional fumaça branco, acompanhado alguns minutos depois pelo toque dos sinos, para evitar confusões quanto à cor da fumaça.

Eleição

Uma vez ocorrida a eleição, resta ao novo eleito responder a duas questões:Acceptasne eletionem de te canonice factam in Summum Pontificem? (aceitas a tua eleição, canonicamente feita, para Sumo Pontífice?) e Quo nomine vis vocari?(Como queres ser chamado?), naquele que é o último ato formal do conclave.

O mestre das cerimónias litúrgicas é chamado, desempenhando funções de notário, e redige um documento de aceitação. Dois cerimoniários entram e servem de testemunhas.

Após a escolha do nome, cardeais prestam homenagem um a um os e apresentam a sua obediência ao novo Papa. O anúncio é feito, em seguida, pelo cardeal proto-diácono (dom Jean-Louis Tauran) aos fiéis: Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus papam (Anuncio-vos uma grande alegria: Temos Papa).

Mudança de nome

No início do cristianismo o eleito usava o seu nome - Lino, Clemente, Telesfóro, Eleutério, Aniceto, conforme a procedência dos Papas. A partir de 532 a tradição de mudar o nome instalou-se: o eleito chamava-se Mercúrio, nome de uma divindade pagã, e adotou o nome de um dos apóstolos, passando a chamar-se João II.

Este uso consolidou-se e os Papas começaram a escolher nomes de apóstolos, de mártires ou outros Papas, muitas vezes para invocar algumas das suas características. Nenhum, contudo, voltou a utilizar o nome de Pedro, o primeiro Papa, porque este não foi eleito por outros homens - em 983 o romano Pedro, eleito para o pontificado, mudou o nome para João e o mesmo aconteceu com o Papa português, João XXI, falecido em 1277.

O nome mais escolhidos pelos Papas é João (23 vezes), seguido por Gregório e Bento (16), Clemente (14), Leão e Inocêncio (13) e Pio (12).

Fim do conclave

O conclave termina oficialmente com o assentimento dado pelo Papa eleito à sua eleição.

Curiosidades

Até à eleição de João XXIII (1958) os votos dos cardeais eram queimados após cada votação. Quando misturados com a palha úmida, o fumo da chaminé da Capela Sistina indicava ao povo da praça de São Pedro que o Papa ainda não estava eleito. Era o fumo branco que indicava o fim do conclave e a eleição do Papa. Hoje em dia este processo faz-se pela adição de produtos químicos aos papéis da votação.

O período mais longo sem um Papa foi de três anos, sete meses e um dia (de 26 de outubro de 304 a 27 de maio de 308), entre Marcelino II e Marcelo I.

É histórico o conclave no Palácio dos Papas em Viterbo, após a morte do Papa Clemente IV. Foi o conclave mais longo da história da Igreja e teve a duração de 33 meses, de 29 de novembro de 1268 a 1 de setembro de 1271, porque os cardeais não chegavam a um acordo para eleger o novo Papa.

O governador da cidade, encarregado de alimentar os cardeais, decidiu, por conselho de São Boaventura, encerrar os cardeais no palácio. Fechou a porta da sala de reuniões, ficou com a chave, destelhou o local e cortou a remessa de mantimentos. Imediatamente chegaram a um consenso, elegendo o Papa Gregório X (1271-1276) que, para evitar a repetição do acontecimento, estabeleceu através do Concílio de Lyon (1274), normas que regulamentam, basicamente, os conclaves até hoje.

Os Papas seus sucessores acrescentaram algumas modificações a essa primeira regulamentação. Gregório XV, através das constituições de 1621 e 1622, e Pio XII, através da Constituição Vacantis Apostolicae Sedis de 1945, tornaram mais precisas as leis do conclave. Após as leis especiais da Constituição Apostólica de Paulo VI Romano Pontifici Eligendo de 1 de outubro de 1975, a eleição do Papa é hoje regulada pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis de João Paulo II.

Fonte: Agência Ecclesia

Qual é a origem da Quaresma?


A palavra “Quaresma” vem do latim “Quadragesima”, em referência ao “quadragésimo dia” antes da Páscoa. Nos idiomas de origem germânica, são utilizados derivados do termo “Lencten” (primavera). Nos idiomas provenientes do Latim, o termo para designar este tempo de preparação para a Páscoa é “quadragesima”. Por exemplo, em espanhol é “Cuaresma”, em português, “Quaresma”, em francês, “Carême”, e em italiano, “Quaresima”. Nos idiomas de origem germânica, incluído o inglês (“Lent”), o nome dado à Quaresma vem de “Lencten”, que significa “primavera”.
cercoquaresma
“Santo Agostinho – acrescenta – escreveu que o tempo da Quaresma simboliza esta vida presente na terra, com suas adversidades e tribulações, e que o tempo da Páscoa simboliza a alegria da vida futura.” A observância de um período de oração, jejum e esmola como preparação para a Páscoa remonta à época dos Apóstolos, ainda que, durante os primeiros séculos, se limitasse somente a poucos dias.
O Pe. Flader observa que São Leão Magno (440-461) dizia sobre a Quaresma que “foi instituída pelos Apóstolos” e que a Tradição sustenta que “sempre foi vivida com uma maior atenção à vida de oração, jejum e esmola”. “Nos primeiros três séculos, o tempo de jejum se limitava a alguns dias, uma semana quando muito”, afirma o sacerdote. “A primeira menção aos 40 dias foi no concílio ecumênico de Niceia (325), mas no final do século IV o costume havia se estendido amplamente, tanto no Oriente como no Ocidente.” Com relação à determinação da duração da Quaresma – 40 dias –, o sacerdote explica que se refere aos “40 dias de jejum e oração que Cristo passou antes do começo da sua vida pública”.
As igrejas do Oriente e do Ocidente contavam os dias da Quaresma de maneira diferente, pois no Oriente os fiéis eram eximidos de jejuar os sábados e domingos. Além disso, a Quaresma durava um total de 7 semanas. O Ocidente, por outro lado, só os domingos eram isentos e a Quaresma durava 6 semanas. No entanto, dessa forma, os dias de jejum somavam apenas 36, não 40. “Foi no século VII – explica o Pe. Flader – que a Quaresma começou a ter seu início 4 dias antes, com a Quarta-Feira de Cinzas, de maneira que havia 40 dias de jejum, como na atualidade.” “Os domingos não estão incluídos nos 40 dias”, esclarece.
A Igreja sempre manteve a tradição de jejuar e fazer abstinência durante a Quaresma, mas as normas se modificaram ao longo dos séculos. Segundo a pesquisa do Pe. Flader, as regras do jejum se tornaram muito estritas no século V: “Só se permitia uma refeição, no final da tarde. A carne não era permitida, nem sequer aos domingos. A carne e o peixe – e, em muitos lugares, os ovos e produtos lácteos – eram absolutamente proibidos”. O sacerdote recorda que, nas igrejas orientais, ainda são seguidas regras similares: “Não podem comer vertebrados ou produtos derivados de vertebrados, isto é, nem carne, nem peixe, nem ovos, nem queijo, nem leite”.
No Ocidente, no entanto, as normas mudaram. No começo, era permitido um pequeno lanche, depois o peixe foi aceito e, finalmente, aceitou-se também a abstinência de carne apenas na Quarta-Feira de Cinzas e às sextas-feiras. Além disso, os produtos lácteos também foram permitidos. Atualmente, os católicos jejuam na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa, abstêm-se de carne nestes dias e em todas as sextas-feiras da Quaresma. O jejum, como definem os bispos dos Estados Unidos, consiste em ter uma refeição completa e dois lanches.
(Este texto se baseia na pergunta 143 do livro “Question time: 140 questions and answers on the catholic faith\”, do Pe. John Flader, sacerdote do Opus Dei e ex-diretor do “Catholic Adult Education Centre” de Sydney, Austrália)
Fonte: Aletéia