Posted: 25 Jun 2012 04:38 AM PDT
O
Legado do Papa Bento XVI para a Conferência Rio + 20, Cardeal dom Odilo
Scherer, destaca ganho na discussão da Conferência da ONU mesmo fazendo
ressalvas sobre lacunas no documento final como aquela que " não se
chegou a estabelecer a contribuição dos países ricos, daqueles que mais
poluem, para formar um fundo a partir do qual possa ser financiada a
economia limpa, a economia verde que se quer promover".
A
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20, será encerrada sexta-feira 22, com a divulgação do documento
final, contendo 49 páginas, denominado “O Futuro Que Queremos”. O
balanço dos dez dias de discussões divide opiniões. Autoridades
brasileiras consideram um avanço a inclusão do desenvolvimento
sustentável com erradicação da pobreza, enquanto movimentos sociais e
alguns líderes estrangeiros condenam a falta de ousadia do texto.
Segundo
a Agência Brasil, o tom de crítica deve predominar nesta sexta-feira,
pois as organizações não-governamentais (ONGs) que promoveram vários
protestos durante a conferência prometem manifestações.
Para o
legado pontifício para a Cúpula, Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo
Scherer, além de algumas lacunas, como a não-criação do fundo de
contribuições dos países ricos, a Conferência trouxe novidades, como a
nova consideração de chefes de Estado e Governo em relação aos oceanos:
“Acredito
que o resultado é bastante positivo, embora haja muitas observações
críticas de que o resultado é menos do que o esperado e que não foi
bastante ousado em estabelecer metas ou medidas concretas que deveriam
ser assumidas. Temos que considerar que numa Cúpula internacional deste
porte, com a presença de quase 190 nações não se pode esperar demais, no
sentido de resultados concretos. A crítica é que, por exemplo, não se
chegou a estabelecer a contribuição dos países ricos, daqueles que mais
poluem, para formar um fundo a partir do qual possa ser financiada a
economia limpa, a economia verde que se quer promover. É uma verdade que
esta lacuna naturalmente deverá ser preenchida através de novas
negociações, com iniciativas como a da França, que anunciou claramente
que quer taxar as transações financeiras internacionais que passam pelo
país, e aplicar esta taxa em uma economia mais limpa e promover a
preservação do meio ambiente.
Existem certamente muitos pontos
positivos a serem observados: a declaração, que foi concordada através
de negociações, contém pontos relevantes, primeiro porque estabelece uma
identificação do que se pode chamar de economia verde, economia
sustentável, colocando três pilares fundamentais. Primeiramente, que o
homem esteja ao centro, e portanto, que a economia sustentável deve ser
socialmente sustentável. Depois, é claro, que a economia seja
economicamente sustentável. Deve seguir as leis econômicas porque senão
se torna um caos. O terceiro ponto, que a economia verde seja
ecologicamente sustentável, que tenha sempre em consideração a dimensão
ecológica da economia, do trabalho, da produção e do consumo. O que
também é novo neste documento, com uma nova posição, é a preocupação com
os oceanos, que até agora nos documentos anteriores estava ausente. Por
isso já se está falando na Conferência que a economia sustentável, além
de verde, deve ser também azul, em referência aos oceanos, às águas.
Outro
apelo que vai aparecendo é que o modelo de economia não deve se basear
simplesmente na produção e no consumo; o critério de desenvolvimento não
devem ser simplesmente os índices econômicos: deve haver um conjunto de
índices que apontem um modelo de desenvolvimento.
Enfim,
acredito que o mais positivo de todas as contribuições que a Rio+20 está
trazendo é uma nova tomada de consciência da comunidade internacional a
respeito dos problemas da sustentabilidade da economia, dos problemas
do clima e da urgente necessidade de todos de fazerem a sua parte; que
não podemos protelar por mais tempo a tomada de decisões porque o clima,
o planeta está reclamando: a sustentabilidade está ameaçada”.