O SÁBADO SANTO
O Missal romano apresenta o sábado da seguinte maneira: neste
dia, “a Igreja fica parada junto ao sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão
e morte, abstendo-se da celebração da Eucaristia (A mesa fica sem ornamentos)
até a vigília ou expectativa noturna da ressurreição. Neste dia a Igreja
convida os fieis ao silencio e a meditação. O mistério de Cristo no sepulcro,
torna-se convite para meditar no mistério de Cristo escondido no mistério do
Pai. Vamos neste dia estar junto com as mulheres as portas do sepulcro (Cf. Mt
27,61). Todo fiel é chamado a contemplação, nutrindo no coração a esperança. Este
sábado é um convite para “retirar-se para o deserto” afim de escutar o Senhor
por meio da oração silenciosa.
Hoje o olhar da igreja se volta para a Virgem Maria, com ela a
alegria de viver e a coragem de esperar são reencontradas.
A ESPIRITUALIDADE DA VIGÍLIA PASCAL E DO DOMINGO DA RESSURREIÇÃO
“Esta é a noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte
vencedor”.Preconio pascal
Lancemos um olhar sobre a noite do Sábado Santo. No Credo
professamos a respeito do caminho de Cristo: “desceu a mansão dos
mortos”. Não conhecemos o mundo da morte e podemos representá-lo com
imagens que são insuficientes. Mesmo assim elas nos ajudam a entender algo do
mistério.
A liturgia aplica a decida de Jesus na noite da
morte as palavras do Salmo 24 (23): “Levantai, ó portas, os vossos dintéis,
levantai-vos ó pórticos eternos!” A porta da morte está fechada e ninguém pode
voltar dali para trás. Para esta porta não há chave. Cristo, porem, possui a
chave, a sua Cruz abre de par em par as portas da morte. Elas agora já não são intransponíveis. A sua Cruz, a radicalidade do seu amor é a chave que abre esta
porta.
O amor de um Deus que se fez homem, pobre
e vulnerável para poder morrer, só este amor tem a força para abrir esta porta
e transpor todas as outras assim como fez o Ressuscitado quando apareceu aos
discípulos (Jo 20, 19ss).' Este amor é mais forte do que a morte e nada pode
apagá-lo. Ele pode tudo mudar, mesmo as situações de morte, pode fazer passar
da Morte para a Vida; do Homem Velho com seus vícios e pecados, para o Homem
Novo que confia em Deus e faz dele o seu Senhor."
Os ícones pascais podem nos ajudar a entender melhor o que
acontece nesta noite: Cristo entra no mundo dos mortos cheio de luz, porque
Deus é luz. Ele traz consigo suas chagas gloriosas, aquelas que antes o
desfiguraram e o deixaram até mesmo sem aspecto humano , são agora poder de
Deus, o Amor que vence a Morte.
Ele encontra Adão e todos os outros que esperam
na noite da morte. Na sua encarnação o Filho de Deus se tornou uma só coisa com
o ser Humano, Adão, porem só neste momento se cumpre o extremo ato de amor,
descendo na noite da morte, Ele cumpre o caminho da encarnação. É pela sua
morte, que Ele toma Adão, caído pelo peso do pecado, pela mão e leva todos os
homens em expectativa para a luz. Jesus aqui restabelece a união do homem com
Deus. Também nós nesta noite saímos de nossas mortes pessoais, tomados pela
mão de Jesus, somos ressuscitados com Ele.
Poucas celebrações litúrgicas são tão ricas de conteúdo e de
simbolismo como a vigília Pascal, ela é o coração de todo o ano litúrgico e
dela se irradiam todas as outras celebrações, nesta noite Santa a Igreja
celebra de modo sacramental mais pleno, a obra da redenção e da perfeita
glorificação de Deus e de seu Filho Jesus Cristo, tornado para nós um novo
Adão, ao pagar nossa culpa se entregando a Morte e morte de Cruz.
Para compreendermos melhor o significado e valor desta Vigília,
devemos mergulhar na antiqüíssima tradição da igreja que nos recorda: “Esta é a
noite de vigília em honra do Senhor (Ex 12,42). Nesta noite os fieis trazem
consigo suas lâmpadas acesas assemelhando-se àqueles que esperam o Senhor no
seu retorno, de maneira que quando Ele chegar os encontre ainda vigilantes e os
faça sentar á sua mesa (Lc 12,35ss).
A Solene Vigília Pascal, tem origem na primeira páscoa, a noite
em que do Egito o Senhor retirou os filhos de Israel, transpondo o mar vermelho
a pé enxuto rumo, à terra onde corre leite e mel. Durante esta vigília os
israelitas celebrando o rito pascal, faziam memória da salvação realizada por
Deus nos eventos do êxodo. “Este dia será para vocês um memorial, pois nele
celebrarão uma festa para o Senhor; vocês celebrarão como um rito permanente de
geração em geração” (Cf Ex 12,14). Esta celebração tinha o caráter de
memória-presença-expectativa. Os hebreus esperavam o cumprimento das promessas
de Deus de tirá-los da terra estrangeira, levá-los à terra prometida e enviar o
messias.
DESENVOLVIMENTO DA VIGÍLIA
PASCAL:
Toda a celebração da Vigília Pascal
desenvolve-se a noite, esta deve começar pouco depois do inicio da noite e
terminar antes do nascer do sol. Desde o inicio, a Igreja celebra a Páscoa
anual, solenidade das solenidades com uma vigília noturna.
A ressurreição de Cristo é o fundamento da
nossa Fé, por meio do Batismo e da Crisma, fomos inseridos no mistério pascal
de Cristo. A celebração do mistério desenvolve-se do seguinte modo: após o
“lucernário11” e o “precônio12” (I parte da vigília), a Santa Igreja medita “as
maravilhas” que o Senhor fez para o seu povo desde o inicio (II parte ou
liturgia da palavra), até o momento em que com seus membros13 regenerados no
batismo (III parte da vigília), é convidada à mesa que o Senhor preparou para o
seu povo, memorial de sua morte e ressurreição, em expectativa para sua vinda
gloriosa (IV parte da vigília). Este esquema não pode ser alterado.
I Parte – Solene Inicio da Vigília ou Lucernário
A primeira parte da vigília celebra a luz,
Cristo, de um modo particular com a sua ressurreição é a luz do mundo (Jo 1,
9). Cada um de nós que tomamos parte nos sacramentos somos constituídos “luz do
Senhor” (Ef 5,8). Este rito inicial compreende: a bênção do fogo, preparação do
círio, procissão e anuncio pascal.
Antes de benzer o fogo o sacerdote saúda o
povo, explicando brevemente o significado da vigília: se trata de reviver a
páscoa do Senhor, na escuta da palavra e na participação aos sacramentos: e
Cristo Ressuscitado confirmará a esperança de participar em sua vitória e de
viver em Deus com Ele.
Após esta admoestação o sacerdote benze o fogo
novo, esta bênção significa o desejo de que as festas pascais ascendam em nós o
desejo do céu, renovem o nosso espírito e nos guiem para a vida eterna. O círio
pascal é aceso. Depois de aceso o círio é conduzido solenemente até o altar,
por um diácono ou pelo sacerdote celebrante, seguido em procissão pelo povo.
Até este momento o templo deve permanecer escuro, apenas a luz do círio deve
brilhar em meio as trevas, assim como Cristo Ressuscitado brilha.
Nesta luz são acesas as velas do povo, enquanto
se canta três vezes sucessivas: “Eis a luz e Cristo.”e o povo responde: “Demos
graças a Deus”. O círio é colocado perto do ambão e o diácono então proclama
solenemente a páscoa com o precônio pascal, com esta oração de ação de graças é
proclamada a Páscoa, nela louvamos a Deus pela Ressurreição do Seu Filho e pela
vida nova que Ele nos concedeu, lembrando de todos os feitos realizados por Ele
desde o êxodo do Egito até os dias atuais.
II Parte – Liturgia da Palavra
Depois da bênção do fogo, a Igreja medita nas
maravilhas que Deus realizou em favor de seu povo confiando em sua palavra e
suas promessas. Nesta noite, cumprem-se em Jesus Cristo morto e Ressuscitado as
grandes obras de Deus, anunciadas no Antigo testamento.
O símbolo do círio dá lugar à realidade de
Cristo, presente em sua palavra. A Igreja, começando por Moises e todos os
profetas, interpreta o mistério pascal de Cristo. Para esta celebração são
propostas nove leituras (sete do Antigo Testamento e duas do novo, sendo uma
das Cartas de São Paulo e outra do Evangelho). Terminadas as leituras do Antigo
Testamento, canta-se solenemente o Gloria e pronuncia-se a oração coleta15.
Após esta oração lêem-se as leituras do Novo testamento, em sinal da passagem
do Velho para o Novo, da Morte a Vida em Jesus Cristo.
Neste dia voltamos a cantar o Aleluia, que é
entoado solenemente pelo sacerdote presidente. Após a proclamação do Evangelho,
o presidente da celebração faz a homilia.
III Parte – Liturgia Batismal
Segundo uma antiqüíssima tradição, nesta noite
os catecúmenos16 recebiam após uma intensa preparação o Sacramento do Batismo e
eram de fato admitidos a fé da Igreja. O batismo nos torna um com Cristo, nos
insere em seu corpo, pela graça deste sacramento somos sepultados e
ressuscitamos com o Senhor.
O rito desenvolve-se da seguinte forma: canto
da ladainha de todos os santos (onde se pede a intervenção do céu e se lembra a
comunhão dos santos que estamos inseridos pela graça batismal), bênção da água
batismal (a água nos lembra a morte para o pecado e a vida nova em Cristo).
Apos esta bênção, administra-se o Batismo e a assembléia renova as suas
promessas batismais, depois todo o povo é aspergido com água para lembrar o
batismo que todos receberam.
IV Parte – Liturgia Eucarística
Este é o ápice da vigília, é de maneira plena o
sacrifício da Páscoa, isto é, memorial do sacrifício da cruz e da presença do
Ressuscitado, plenitude da iniciação cristã e antecipação da páscoa eterna.
A Eucaristia é de fato o Sacramento do
Ressuscitado, por ela o Senhor realiza a sua promessa de estar sempre conosco
ate o fim. Pela Eucaristia rendemos a ação graças e o sacrifício
perfeito: pão da vida eterna e cálice da bênção: Jesus Cristo o Filho de Deus
vivo, Ressuscitado que passou pela Cruz.
fonte: comunidade shalom
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