quarta-feira, 13 de março de 2013

Secretário-geral da CNBB se diz surpreso com Papa latino-americano



Para Leonardo Steiner, eleição de Bergoglio é sinal que 'a Igreja se abre'.
Ele disse que não há frustração na CNBB por novo Papa não ser brasileiro.

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Steiner, afirmou nesta quarta-feira (13) que foi surpreendido com a eleição de um Papa latino-americano. Steiner deu entrevista após o anúncio do Vaticano de que o novo Papa é o argentino Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires.
“É um momento de muita alegria para todos nós [...]. Fomos surpreendidos com a eleição de um latino-americano. Creio que até ficamos emocionados de recebermos uma notícia tão bonita”, afirmou Steiner à imprensa na sede da CNBB em Brasília.
O secretário-geral negou  que haja frustração na CNBB por não ter havido a escolha de um representante do Brasil. O cardeal brasileiro Dom Odilo Pedro Scherer chegou a ser citado na imprensa italiana como um dos favoritos.
“Nós estamos felizes estamos feitos por já ter um novo papa. A escolha de um latino -americano bem mostra que a Igreja se abre, que está voltada para toda a Igreja, não só para a Europa”, declarou Steiner.
Para Steiner, o novo Papa pode ter “trânsito mais livre” para lidar com temas delicados para os católicos, como as denúncias de casos de pedofilia envolvendo membros da igreja. “Sabemos que Bento XVI enfrentou isso com muita ousadia, e isso será levado adiante. Temos certeza que ele levará adiante. Talvez não é por nada que tenham escolhido um latino-americano, que pode ter trânsito mais livre em questões como essa”, declarou.
"Ele, em primeiro lugar, é um pastor. Não se trata de poder. Ele será também o que nós rezávamos e pedíamos: para que nós tivéssemos um pastor. Nós certamente teremos um grande pastor, sem deixar de ser um grande intelectual, o que a Igreja também precisa."O secretário-geral da CNBB disse ainda que não conhece Bergoglio pessoalmente, mas que o argentino é visto na Igreja como uma pessoa simples e próxima ao povo.
Steiner disse estar feliz pelo novo Papa ter decidido adotar o nome Francisco, em referência a São Franciso de Assis, santo conhecido pela caridade e por ter levado uma vida modesta.“Todos nós sabemos o que significa o nome Francisco, de Francisco de Assis. Isso ajuda a dar um pouquinho [a ideia de] como ele vê o serviço dele como bispo de Roma”, afirmou Steiner.
O secretário-geral também disse que o novo Papa deverá participar da Jornada Mundial da Juventude, evento da igreja Católica que ocorre em junho no Rio de Janeiro. Ao se referir à vinda de Bergoglio, Steiner brincou com a disputa do Brasil com a Argentina no futebol. “Nós temos a certeza que ele virá. Somo vizinhos da Argentina, apesar de disputarmos no futebol. Mas certamente ele virá”, declarou.
Perda de fiéis
Durante a coletiva de imprensa, Steiner também comentou o trabalho que precisa ser feito pela Igreja para evitar a perda de fiéis. Para Steiner, a tarefa de reconquistar fiéis da Igreja Católica não deve ser um desafio apenas do novo Papa eleito.
"A questão da perda de fiéis não está na figura do Papa. A questão da perda dos fiéis é também nossa, como Igreja, não só bispos e padres, a crermos mais profundamente na importância da mensagem do Evangelho. Naturalmente, essa experiência nós tentamos fazer na América Latina. Isso, com a presença de Francisco I em Roma, terá uma relevância", avaliou o secretário-geral na CNBB.
Veja íntegra de nota publicada pela CNBB para saudar o novo Papa:
"SAUDAÇÃO DA CNBB AO NOVO PAPA
'Bendito o que vem em nome do Senhor!' (Sl 118,26)
Tomada pela alegria e espírito de comunhão com a Igreja presente em todo o mundo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB eleva a Deus sua prece de louvor e gratidão pela eleição do novo Sucessor de Pedro, Sua Santidade Francisco I.
O tempo e as circunstâncias que antecederam a eleição de Francisco I ajudaram a Igreja a viver intensamente a espiritualidade quaresmal, rumo à vitória de Cristo celebrada na Páscoa que se aproxima. O momento é de agradecer a bondade de Deus pela bênção de um novo Papa que vem para guiar os fieis católicos na santidade, ensiná-los no amor e servi-los na humildade.
A eleição de Francisco I revigora a Igreja na sua missão de 'fazer discípulos entre todas as nações', conforme o mandato de Jesus (cf. Mt 28,16). Ao dizer 'Sim' a este sublime e exigente serviço, Sua Santidade se coloca como Pedro diante de Cristo, confirmando-Lhe seu amor incondicional para, em resposta, ouvir: 'Cuida das minhas ovelhas' (cf. Jo 21,17).
Nascido no Continente da Esperança, Sua Santidade traz para o Ministério Petrino a experiência evangelizadora da Igreja latino-americana e caribenha.
A expectativa com que o mundo acompanhou a escolha do Sucessor de Pedro revela o quanto a Igreja pode colaborar com as Nações na construção da paz, da justiça, da igualdade e da solidariedade.
Ao novo Papa não faltará a assistência e a força do Espírito Santo para cumprir esta missão e aprofundar na Igreja o dom do diálogo, em uma sociedade marcada pela pluralidade e pela diversidade, e o compromisso com a vida de todos, a partir dos mais pobres, como nos ensina Jesus Cristo.
Ao saudá-lo no amor de Cristo que nos une e na missão da Igreja que nos irmana, asseguramos-lhe a obediência, o respeito e as orações das comunidades da Igreja no Brasil, para que seja frutuoso o seu Ministério Petrino.
Com toda Igreja, confiamos sua vida e seu pontificado à proteção da Virgem Maria, mãe de Deus e mãe da Igreja.
Bem-vindo Francisco I! A Igreja no Brasil o abraça com amor!"

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