sábado, 2 de novembro de 2013

NA COMUNHÃO DOS SANTOS, NA RESSURREIÇÃO E NA VIDA ETERNA

 

Quando era bem pequeno, no primeiro dia de novembro, a gente atravessava o Rio São Bento em Currais Novos, com nossa avó para lavar o túmulo de Vovô Delmiro e assim, no Dia de Finados, a gente se encontrar à noite, durante a missa no cemitério, com Vovô que tinha morrido sem no entanto morrer.

Em torno da “catatumba”, como chamava tia Bibia, a gente lembrava tantas coisas e contava as histórias de Vovô Delmiro. Acendia velas,  rezava por ele e oferecia flores. No meio das histórias e durante as rezas bonitas e antigas de Vovó, a gente ria, a gente chorava. O dia 02 de Novembro era assim um dia de reencontro. 
A gente sem saber elaborar a profissão de fé, o Credo que todos os domingos se reza na missa, professava com tantos irmãos e irmãs ali presentes, o ...creio na comunhão do santos, na ressurreição da carne e na vida eterna”.

A comunhão dos santos era esse encontro cheio de fé com a gente que ainda estava na terra com os nossos que estão nos céus. A gente não tinha perdido o contato. Se na Mesa da Eucaristia a gente se sentava simbolicamente todos juntos como a gente se sentava  na mesa da casa de Vovô Delmiro para conversar – Mesa da Palavra – e também para comer – Mesa do Pão da Vida e do Cálice da Salvação – ali, naquela mesa em forma de túmulo a gente também se reencontrava com nossas lágrimas e sorrisos. Sem nenhuma elaboração, era uma noite de profissão na comunhão dos santos. Embora Vovô Delmiro tenha morrido, pela fé e a memória cheia de saudades, a gente continuava misteriosamente em comunhão, a morte não tinha conseguido separar a gente de tudo. Vovô tinha morrido sem morrer. A gente professava a fé na “ressurreição e na vida eterna”.

As palavras de Jesus para suas amigas Marta e Maria depois da morte de seu grande amigo Lázaro eram também para a gente esses novos amigos de Jesus. “Eu sou a ressurreição e a vida eterna. Aquele que crê em mim ainda que esteja morto viverá. Aquele que vive em mim jamais morrerá” (Jo, 11,25). A gente acreditava e continua a acreditar nessas palavras cheias de graça e encanto.

A ressurreição e a vida eterna é a Páscoa de Jesus – Deus com o Pai e o Espírito Santo e, Humano com a gente – é a passagem d'Ele da morte para a vida. A Páscoa é também da gente. Morremos e ressuscitamos com Jesus Cristo e assim temos a vida eterna. 
No Dia de Finados a gente estava no cemitério, mas lá bem no fundo do coração se sabia que Deus não nos tinha criado para o cemitério e a morte, e sim para a comunhão dos santos, para a  ressurreição e a vida eterna....

Padre Fabio Potiguar Santos
Administrador Paroquial

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